quinta-feira, 30 de abril de 2009

Queimem seus Livros

Estava eu indo do trabalho para casa, de transporte coletivo. Quando o ônibus passou da AV. Juscelino Kubitschek para a Jorge Shimmelpfeng , deu para ver os preparativos do Salão Internacional do Livro, em frente à Fundação Cultural. Fiquei empolgada vendo como estava o andamento para receber os memoráveis escritores, locais e nacionais, entre eles, Pedro Bandeira que marcou grande parte da pré-adolescência, não só minha, mas de vários amigos; Ignácio Loyola Brandão, com seu Jabuti, e vários outros. Um evento admirável e, diga-se de passagem, muito esperado todos os anos.

O senhor que estava sentado à minha frente, no primeiro banco logo depois do cobrador, pergunta “o quê que está acontecendo ali?” e o cobrador prontamente responde “é aquela tal de feira do livro!”. O senhor indignado começa a reclamar: “é um absurdo isso mesmo viu! A cidade na situação que está e esses caras ficam preocupados com livro! Aposto que ninguém vai vir nesse negócio. Tanta coisa pra fazer e os caras vão cuidar de livro! Não, olha, é lamentável!”.

Levei um susto enorme. Nunca pensei que ouviria aquilo. Eu até sabia que algumas pessoas não gostam de ler e não se interessam por arte em geral, mas, ser contra um evento assim! Eu não imaginava existir pessoas com tal mentalidade!

Tive que seguir até em casa ouvindo aquele senhor resmungar sobre o “absurdo dos livros”. Foi terrível!


Mariana Serafini é estudante de Jornalismo. Ela acredita em um futuro próximo onde as famílias irão jantar sem assistir ao Jornal Nacional. As pessoas devem achar que ela leu muitos contos de fada.

Gripe suína: os porcos perigosos andam de terno

Mike Davis

As hordas de turistas americanos regressaram de Cancún este ano com um souvenir invisível mas sinistro. A gripe suína mexicana, uma quimera genética provavelmente concebida na lama fecal de um criadouro industrial, ameaça subitamente o mundo inteiro com uma febre. Os brotos na América do Norte revelam uma infecção que está viajando já em maior velocidade do que aquela que viajou a última cepa pandêmica oficial, a gripe de Hong Kong, em 1968.

Roubando o protagonismo de nosso último assassino oficial, o vírus H5N1, este vírus suíno representa uma ameaça de magnitude desconhecida. Parece menos letal que a Sars (Síndrome Respiratória Aguda, na sigla em inglês) em 2003, mas como gripe, poderia resultar mais duradour que a Sars. Dado que as domesticadas gripes estacionais de tipo “A” matam nada menos do que um milhão de pessoas ao ano, mesmo um modesto incremento de virulência poderia produzir uma carnificina equivalente a uma guerra importante.


Micróbios que voam pelo mundo

Uma de suas primeiras vítimas foi a fé consoladora, predicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na possibilidade de conter as pandemias com respostas imediatas das burocracias sanitárias e independentemente da qualidade da saúde pública local. Desde as primeiras mortes causadas pelo H5N1 em 1997, em Hong Kong, a OMS, com o apoio da maioria das administrações nacionais de saúde, promoveu uma estratégia centrada na identificação e isolamento de uma cepa pandêmica em seu raio local de eclosão, seguida de uma massiva administração de antivirais e, se disponíveis, vacinas para a população.

Uma legião de céticos criticou esse enfoque de contrainsurgência viral, assinalando que os micróbios podem agora voar ao redor do mundo – quase literalmente no caso da gripe aviária – muito mais rapidamente do que a OMS ou os funcionários locais podem reagir ao foco inicial. Esses especialistas observaram também o caráter primitivo, e às vezes inexistente, da vigilância da interface entre as enfermidades humanas e as animais.

Mas o mito de uma intervenção audaciosa, preventiva (e barata) contra a gripe aviária resultou valiosíssimo para a causa dos países ricos que, como os Estados Unidos e a Inglaterra, preferem investir em suas próprias linhas Maginot biológicas, ao invés de incrementar drasticamente a ajuda às frentes epidêmicas avançadas de ultra mar. Tampouco teve preço esse mito para as grandes transnacionais farmacêuticas, envolvidas em uma guerra sem quartel com as exigências dos países em desenvolvimento empenhados em exigir a produção pública de antivirais genéricos fundamentais como o Tamiflu, patenteado pela Roche.


A situação do México e a dos EUA

A versão da OMS e dos centros de controle de enfermidades, que já trabalha com a hipótese de uma pandemia, sem maior necessidade novos investimentos massivos em vigilância sanitária, infraestrutura científica e reguladora, saúde pública básica e acesso global a medicamentos vitais, será agora decisivamente posta a prova pela gripe suída e talvez averigüemos que pertence à mesma categoria de gestão de risco que os títulos e obrigações de Madoff. Não é tão difícil que fracasse o sistema de alertas levando em conta que ele simplesmente não existe. Nem sequer na América do Norte e na União Européia.
Não chega a ser surpreendente que o México careça tanto de capacidade como de vontade política para administrar enfermidades avícolas ou pecuárias, pois a situação só é um pouco melhor ao norte da fronteira, onde a vigilância se desfaz em um infeliz mosaico de jurisdições estatais e as grandes empresas pecuárias enfrentam as regras sanitárias com o mesmo desprezo com que tratam aos trabalhadores e aos animais.
Analogamente, uma década inteira de advertências dos cientistas fracassou em garantir transferências de sofisticadas tecnologias virais experimentais aos países situados nas rotas pandêmicas mais prováveis. O México conta com especialistas sanitários de reputação mundial, mas tem que enviar as amostras a um laboratório de Winnipeg para decifrar o genoma do vírus. Assim se perdeu toda uma semana.

Mas ninguém ficou menos alerta que as autoridades de controle de enfermidades em Atlanta. Segundo o Washington Post, o CDC (Centro de Controle de Doenças) só percebeu o problema seis dias depois de o México ter começado a impor medidas de urgência. Não há desculpas para justificar esse atraso. O paradoxal desta gripe suína é que, mesmo que totalmente inesperada, tenha sido prognosticada com grande precisão. Há seis anos, a revista Science publicou um artigo importante mostrando que “após anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte tinha dado um salto evolutivo vertiginoso”.


Mutações mais virulentas a cada ano
Desde sua identificação durante a Grande Depressão, o vírus H1N1 da gripe suína só havia experimentado uma ligeira mudança de seu genoma original. Em 1998, uma variedade muito patógena começou a dizimar porcas em uma granja da Carolina do Norte, e começaram a surgir novas e mais virulentas versões ano após ano, incluindo uma variante do H1N1 que continha os genes do H3N2 (causador da outra gripe de tipo A com capacidade de contágio entre humanos).
Os cientistas entrevistados pela Science mostravam-se preocupados com a possibilidade de que um desses híbridos pudesse se transformar em um vírus de gripe humana – acredita-se que as pandemias de 1957 e de 1968 foram causadas por uma mistura de genes aviários e humanos forjada no interior de organismos de porcos – e defendiam a criação urgente de um sistema oficial de vigilância para a gripe suína: advertência, cabe dizer, que encontrou ouvidos surdos em Washington, que achava mais importante então despejar bilhões de dólares no sumidouro das fantasias bioterroristas.


Gigantescos infernos fecais
O que provocou tal aceleração na evolução da gripe suína: Há muito que os estudiosos dos vírus estão convencidos que o sistema de agricultura intensiva da China meridional é o principal vetor da mutação gripal: tanto da “deriva” estacional como do episódico intercâmbio genômico. Mas a industrialização empresarial da produção pecuária rompeu o monopólio natural da China na evolução da gripe. O setor pecuário transformou-se nas últimas décadas em algo que se parece mais com a indústria petroquímica do que com a feliz granja familiar pintada nos livros escolares.
Em 1965, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de porcos espalhados entre mais de um milhão de granjas. Hoje, 65 milhões de porcos concentram-se em 65 mil instalações. Isso significou passar das antiquadas pocilgas a gigantescos infernos fecais nos quais, entre esterco e sob um calor sufocante, prontos a intercambiar agentes patógenos à velocidade de um raio, amontoam-se dezenas de milhares de animais com sistemas imunológicos muito debilitados.
No ano passado, uma comissão convocada pelo Pew Research Center publicou um informe sobre a “produção animal em granjas industriais”, onde se destacava o agudo perigo de que “a contínua circulação de vírus (...) característica de enormes aviários ou rebanhos aumentasse as oportunidades de aparição de novos vírus mais eficientes na transmissão entre humanos”. A comissão alertou também que o uso promíscuo de antibióticos nas criações de suínos – mais barato que em ambientes humanos – estava propiciando o surgimento de infecções de estafilococos resistentes, enquanto que os resíduos dessas criações geravam cepas de escherichia coli e de pfiesteria (o protozoário que matou um bilhão de peixes nos estuários da Carolina do Norte e contagiou dezenas de pescadores).


O monstruoso poder dos monopólios
Qualquer melhora na ecologia deste novo agente patógeno teria que enfrentar-se com o monstruoso poder dos grandes conglomerados empresariais avícolas e pecuários, como Smithfield Farms (suíno e gado) e Tyson (frangos). A comissão falou de uma obstrução sistemática de suas investigações por parte das grandes empresas, incluídas algumas nada recatadas ameaças de suprimir o financiamento de pesquisadores que cooperaram com a investigação.
Trata-se de uma indústria muito globalizada e com influências políticas. Assim como a gigante avícola Charoen Pokphand, sediada em Bangkok, foi capaz de desbaratar as investigações sobre seu papel na propagação da gripe aviária no Sudeste Asiático, o mais provável é que a epidemiologia forense do vírus da gripe suína bata de frente contra a pétrea muralha da indústria do porco.
Isso não quer dizer que nunca será encontrada uma acusadora pistola fumegante: já corre o rumor na imprensa mexicana de um epicentro da gripe situado em torno de uma gigantesca filial da Smithfield no estado de Vera Cruz. Mas o mais importante – sobretudo pela persistente ameaça do vírus H5N1 – é a floresta, não as árvores: a fracassada estratégia antipandêmica da OMS, a progressiva deterioração da saúde pública mundial, a mordaça aplicada pelas grandes transnacionais farmacêuticas a medicamentos vitais e a catástrofe planetária que é uma produção pecuária industrializada e ecologicamente bagunçada.


* Mike Davis é professor no departamento de História da Universidade da Califórnia (UCI), em Irvine; artigo publicado originalmente no britânico The Guardian, reproduzido no La Vanguardia (México), Sin Permiso (Espanha) e Carta Maior (Brasil); intertítulos do Portal Vermelho

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Gripe Suína

Portal Vermelho

Paraguai analisa proposta brasileira sobre Itaipu Binacional

O governo brasileiro ofereceu ao presidente do Paraguai, Fernando Lugo, uma proposta de acordo com 20 pontos para colocar fim à discussão sobre o reajuste da tarifa que o Brasil paga ao país pela energia produzida pela usina binacional de Itaipu. O assunto será analisado na próxima visita de Lugo ao Brasil, entre 7 e 8 de maio.


A proposta brasileira foi anunciada por Lugo em uma entrevista coletiva em Assunção, nesta terça-feira. "É uma agenda bem ampla e não fica nada na gaveta", disse. Fontes do governo brasileiro confirmaram que o documento enviado a Lugo é um esboço que só depende da aprovação do presidente do Paraguai.

Lugo explicou que conversará com Lula durante uma reunião que será realizada, em Brasília, no próximo dia 7 de maio, sobre um tributo único para a troca comercial entre Ciudad del Este e Foz do Iguaçu, unidas pela Ponte da Amizade, sobre o Rio Paraná.

A agenda também inclui avanços sobre a construção de uma segunda ponte na mesma região e de outra no rio Paraguai, assim como a extensão da via ferroviária do Paraná a regiões agrícolas do Paraguai.

Além disso, o governante ressaltou que discutirá com Lula sobre as reivindicações paraguaias sobre aproveitamento da hidroelétrica de Itaipu, compartilhada por Brasil e Paraguai.

O Paraguai quer alterar o Tratado de Itaipu, que regula as operações e termos da sociedade, mas o Brasil, em posição favorável, argumenta que o próprio documento afirma que a revisão só pode ser feita após o acordo expirar, o que acontece em 2023.

O governo brasileiro, contudo, já se dispôs a negociar, mas não pretende fazer isso por meio da imprensa, como forma de preservar os dois países.

Energia

A conversa entre os presidentes brasileiro e paraguaio será precedidas por uma reunião com representantes dos dois países, em Brasília, no dia 5, para continuar as discussãoes sobre Itaipu. De acordo com fontes do governo brasileiro, o presidente Lula pretende fazer a Lugo uma oferta de mudança no pagamento pela energia de Itaipu.

A proposta poderia incluir uma revisão da tarifa paga hoje pelo Brasil pela energia da hidrelétrica binacional ou ainda o atendimento do pedido paraguaio para que o país possa vender diretamente, no mercado brasileiro, parte da energia a que tem direito. Hoje, a energia que o Paraguai não usa é vendida à Eletrobrás, por um preço pré-fixado.

Ao mesmo tempo, o governo brasileiro ainda prefere, segundo fontes, apoiar investimentos que possam aumentar o uso da energia elétrica consumida pelo Paraguai, país que costuma registrar falta de luz, principalmente na capital, Assunção. O Paraguai, hoje, não possui infra-estrutura para transmitir a energia de Itaipu nem para todo o seu território.

A dúvida no governo brasileiro é se Lugo aceitará a proposta de 20 pontos, ou se vai preferir insistir que o Brasil "pague o preço de mercado" pela energia que compra do Paraguai. Lugo fez o anúncio sobre a oferta brasileira, mas não disse como pretende responder a ela.

Soberania

A discussão sobre o preço pago pelo Brasil pela energia de Itaipu já dura alguns meses e foi intensificada a partir da campanha eleitoral, no ano passado, no Paraguai.
A revisão do acordo sobre Itaipu foi a principal bandeira de campanha do então candidato Fernando Lugo, da Aliança Patriótica para a Mudança.

Desde então, Lugo tem insistido na "recuperação da soberania energética" do Paraguai, o que, para ele, inclui o pedido para que o Brasil pague o "preço de mercado" por megawatt/hora de energia comprada do país, até a maior liberdade para vender a energia excedente com preços que não sejam pré-fixados.

O Paraguai utiliza apenas cerca de 5% da energia de Itaipu, quantia que deveria ser suficiente para suprir 95% de sua demanda. O excedente é vendido ao Brasil a preço de custo. Cerca de 20% da energia elétrica consumida no Brasil é proveniente de Itaipu.

Polêmica

Na última terça-feira, dia 21, Lugo comemorou o primeiro ano de sua vitória nas urnas dizendo, em um palanque em Assunção, que manterá as exigências de "melhores benefícios para o país" na hidrelétrica binacional.

"Não somos parceiros de segunda do Brasil, somos parceiros e discutimos de igual para igual, sem pedir migalhas", disse.

Nesta terça-feira, Lugo afirmou que vai dizer a Lula que o acordo em vigor, chamado de Tratado de Itaipu, que regula as operações e termos da sociedade, "é dos tempos da ditadura".

Apesar de estar hoje respaldado pelo acordo, o Brasil pretende tratar de maneira solidária o pleito do Paraguai, de quem espera bom senso na hora das reivindicações.


Agências

A necessidade de atuação sindical no Congresso


Direto do Portal Vermelho por Antônio Augusto de Queiroz*

O movimento sindical, sem prejuízo da boa interlocução com o Poder Executivo, deve intensificar sua relação com o Congresso, onde existe uma ampla agenda de projetos com reflexos sobre o mundo do trabalho.
A história recente registra algumas investidas contra os direitos dos trabalhadores, como a aprovação da emenda 3, a retirada dos trabalhadores dos conselhos de contribuintes, a tentativa de supressão das fontes de financiamento da seguridade social, a pressão para votação do projeto de FHC sobre terceirização, entre outras.


Esse movimento para flexibilizar direitos, caso não haja uma contra-ofensiva do movimento sindical, pode ganhar musculatura, especialmente neste momento de crise. Propostas como a que propunha a redução das contribuições sobre a folha e redução da despesa do empresário com o FGTS, cuja diferença para menor seria compensada com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador podem sensibilizar os parlamentares.

O deputado Michel Temer (PMDB/SP), em audiência neste mês de abril com lideranças sindicais da UGT, surpreendeu os presentes ao dizer que desde que assumiu a Presidência da Câmara aquela era a primeira vez que alguém pedia a retirada ou arquivamento do projeto sobre terceirização. Todos os pedidos sobre o projeto – e foram muitos – eram para sua imediata votação.

Este simples episódio relatado pelo Presidente da Câmara ilustra e justifica uma atuação mais ostensiva no Congresso, seja para lutar pela aprovação de projetos de interesse dos trabalhadores, como o que acaba com o fator previdência, reduz jornada, garante aumento real até 2023 para o salário mínimo, proíbe a demissão imotivada e extingue a contribuição dos inativos , seja para rejeitar aqueles prejudiciais ao trabalhador, como o que trata da terceirização.

Para contribuir com esse trabalho, o DIAP elaborou três levantamentos com projetos de interesse do movimento sindical que estão disponíveis no portal www.diap.org.br. O primeiro cuida dos projetos sobre servidores públicos, o segundo sobre os trabalhadores do setor privado e o terceiro sobre organização sindical.

Este pequeno texto, com o objetivo de alertar as lideranças sindicais para a necessidade de acompanhamento dos trabalhos do Congresso, será publicado como editorial do Boletim de abril, assinado pela diretoria da entidade.

*Antônio Augusto de Queiroz, Jornalista

terça-feira, 28 de abril de 2009

Povo equatoriano consagra Rafael Correa e a Aliança País

Leonardo Wexell Severo, Jornal Hora do Povo a Quito

Além de reeleger o presidente no primeiro turno, movimento patriótico fez a ampla maioria dos governos estaduais e municipais, e elegeu as maiores bancadas do Congresso Nacional, das Assembléias e Câmaras Legislativas.

O povo equatoriano ratificou domingo (26) seu crescente apoio ao processo de transformações encabeçado pelo presidente Rafael Correa e seu Movimento Aliança País. Além de reeleger Correa no primeiro turno – fato que ocorre pela primeira vez em duas décadas -, com cerca de 52% dos votos, contra 28% do segundo colocado, os eleitores deram ao movimento patriótico a ampla maioria dos governos estaduais e municipais, e garantiram as maiores bancadas parlamentares no Congresso Nacional (unicameral), nas Assembléias e Câmaras Legislativas.


Entre as principais conquistas da “Revolução Cidadã” destacam-se a aprovação da Nova Constituição, em 28 de setembro do ano passado - com o fortalecimento do papel do Estado, da soberania nacional e do controle social sobre os setores estratégicos da economia -; a ampliação dos investimentos públicos na saúde, educação, moradia e obras de infraestrutura; a eliminação da terceirização e da intermediação de mão-de-obra e a reorientação da política externa, com a promoção da integração regional - através de organismos como a Unasul -, a suspensão do pagamento dos juros da dívida “ilegal e ilegítima” e a retomada, ainda neste ano, da base naval de Manta, hoje ocupada por tropas estadunidenses. Além disso, o governo decidiu realizar duas auditorias fundamentais para o pleno desenvolvimento da economia e da democracia, passando a limpo a partir de uma análise criteriosa a dívida externa - multiplicada pelos governos anteriores - e as concessões públicas de rádio e televisão, ambas comprovadamente contaminadas pela corrupção.


“Esta revolução está em marcha e nada nem ninguém a detém. Hoje renovamos o nosso compromisso com os mais pobres. Não somos excludentes, mas nosso governo tem uma opção preferencial, para que a Pátria seja, efetivamente, de todos”, afirmou Rafael Correa, logo após a divulgação da primeira pesquisa de boca de urna, que já apontava a vitória por ampla margem. “Precisamos, portanto, fazer com que este imenso capital político se transforme em organização”, enfatizou, pois “a luta é entre o povo e os que seqüestraram, venderam e traíram a Pátria”.


Desde o final da tarde de domingo, milhares de simpatizantes começaram a chegar até a sede da Aliança País, em frente à Tribuna do Parque Carolina, em Quito, para comemorar ao lado de seu presidente a acachapante derrota imposta à campanha midiático-banqueirista e ao imperialismo norte-americano.


domingo, 26 de abril de 2009

Jornal Classe Operária

Caros amigos e camaradas!

Está disponível na Sede Municipal de nosso partido, gratuitamente, as edições de fevereiro, março e abril do jornal comunista Classe Operária.

Nosso horário de funcionamente durante o mês de abril é das 08h00 às 12h00 e, a partir de 4 de maio, das 08h00 às 12h00 e das 13h00 às 17h00, de segunda à sexta. Contatos pelo telefone (45) 30273758 ou pelo email pcdobfozdoiguacu@gmail.com .

Por Luiz Henrique

Com festa à sua altura, 'Princípios' alcança a 100ª edição

* direto do Portal Vermelho

“É uma conquista da imprensa democrática, patriótica, popular de nosso país — que em condições muito adversas busca empreender um contraponto ao monopólio midiático”, declarou Adalberto Monteiro, jornalista, poeta e editor de Princípios. Segundo ele, a revista é “uma obra que provém de muitas mãos, de muitos cérebros, de muitos apoios. Toda colheita é obra social, coletiva”.

Adalberto integrou a mesa do evento, mediada por Madalena Guasco, do conselho editorial de Princípios). Além da solenidade — que reuniu cerca de 300 pessoas —, houve também exposição e coquetel. “Dia de festa não é para isso, mas conclamo a todos os que nos apoiam, para aproveitarmos esse feito da centésima edição, para aumentarmos nossa carteira de assinantes e realizarmos uma venda recorde desta edição”, destacou Adalberto. Ao final de seu discurso, o atual editor de Princípios prestou homenagem ao fundador e primeiro editor da revista, João Amazonas (1912-2002).

Para o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp, Princípios cumpre a missão de “proteger e resguardar a obra de Karl Marx — talvez o mais completo pensador da modernidade”. Falando em dos colaboradores da publicação, Belluzzo frisou também a pertinência dos valores marxistas na atualidade. “Os senhores das finanças estão prontos para tomar o controle da sociedade. Isso nós não podemos permitir.”

Já Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, lembrou que Princípios começou a nascer com o fim do exílio de dirigentes comunistas, na virada dos anos 80 para os 90. “O Amazonas comentava a necessidade de uma revista para enfrentar as ideias da época, do momento, abrindo caminho para o socialismo. O pensamento crítico está na sociedade, e é preciso amalgamá-lo”.

Para Renato, “vingar uma corrente marxista no Brasil” é desafio dos comunistas. “A própria natureza do partido transcorre essa missão — a luta pela sociedade socialista. O que tivemos no século 20 foram experiências iniciais. É necessário um tempo histórico maior para chegarmos a essa sociedade superior.”

Ao longo de seus cem números, Princípios contribuiu para a luta política do PCdoB, conforme frisaram o vereador paulistano Jamil Murad e o ministro do Esporte, Orlando Silva, ambos do partido. “Sem as ideias sobre os fenômenos da atualidade, não podemos caminhar para as transformações de que o mundo precisa”, afirmou Jamil. Segundo Orlando, Princípios é “uma fonte de referência para entender um país tão complexo e sofisticado como o Brasil — um espaço plural de construção e elaboração na luta por uma solução transformadora”.

Com 130 páginas de artigos, a centésima edição de Princípios tem como tema central a crise do capitalismo. Há colaborações de autores das mais variadas áreas de atuação e do pensamento, como os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e de Cuba, Raúl Castro, o escritor Ariano Suassuna, e os presidentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Marco Antonio Raupp.

Junto à edição especial, a Editora Anita Garibaldi lançou o CD Coleção Princípios, com a íntegra de todo o conteúdo já publicado pela revista desde o primeiro número, de 1981. “É possível conferir capas, textos e ilustrações de qualquer período da revista”, informou Ana Paula Bernardes, diretora-executiva da editora. O CD tem, ainda, “mensagem do editor”, breve biografia de João Amazonas, linha do tempo, sistema de busca e índice remissivo.

De São Paulo, André Cintra.

O Maltrapilho Social

* Luiz Henrique Dias da Silva

Sou mendigo. E quem não é? Quem aí não senta na praça da vida e aprecia o líquido ardente de água etílica dos prazeres das raparigas do destino, rindo das desgraças que o cercam e, aos olhos curiosos das crianças e dos passantes, cai na grama da submissão e rola nos nojos dos cachorros da injustiça? Ah! Pra vocês. Eu vou continuar aqui cantando “e que se acabe” e esperando mais prazeres com aquelas raparigas do largo, pois quem tem diversão e pão não contesta o nobre irmão.
*Luiz Henrique Dias da Silva é escritor, estudante de Arquitetura e Urbanismo e comunista (convicto). É membro da Direção Municipal do PCdoB de Foz do Iguaçu e colunista do jornal A Gazeta do Iguaçu e do blog http://acasadohomem.bogspot.com .

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Lista de Preferências

Alegrias, as desmedidas.
Dores, as não curtidas.
Casos, os inconcebíveis.
Conselhos, os inexeqüíveis.
Meninas, as veras.
Mulheres, insinceras.
Orgasmos, os múltiplos.
Ódios, os mútuos.
Domicílios, os passageiros.
Adeuses, os bem ligeiros.
Artes, as não rentáveis.
Professores, os enterráveis.
Prazeres, os transparentes.
Projetos, os contingentes.
Inimigos, os delicados.
Amigos, os estouvados.
Cores, o rubro.
Meses, outubro.
Elementos, os fogos.
Divindades, o logos.
Vidas, as espontâneas.
Mortes, as instantâneas.

Bertolt Brecht