segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Espaços Públicos

Se a cidade convida, o cidadão responde

Caro leitor, tenho uma tese de que, se a cidade chama, o cidadão responde.

Ontem caminhava eu pela – tão citada nesta coluna – Avenida Paraná, como faço em muitos finais de tarde de minha vida, e, com também é meu costume, reparava nas pessoas, nos grupos e nos espaços, sempre querendo entender um pouco mais nossa cidade e sociedade e, é claro, expor tais pensamentos aqui, ali e acolá, nestes veículos em que escrevo e você ouve minhas letras.

Tenho percebido um número crescente de pessoas frequentando a pista de caminhada, todos os dias. Não acredito ser o motivo a crescente preocupação com o corpo ou com o a saúde. Creio ser o maior responsável por tal aumento o próprio espaço que, aos poucos, começa a ser percebido por mais e mais cidadãos, usuários em potencial. Além das caminhadas, há namoros, amigos tomando mate, crianças utilizando os playgrounds, jovens nas quadras e idosos, muitos interessados nas atividades oferecidas no quiosque do Caminha Foz, instalado no meio do trajeto da pista. Os motoristas – antes simples passantes da Avenida – agora reparam mais nas pessoas e, por fim, acabavam voltando, sozinhos ou com a família.

Esta é mais uma prova de que, se a cidade chama, o cidadão responde. Se a cidade chamar com violência, as pessoas responderão se trancando em casa. Se ela nos chamar com espaços abandonados ou com a falta destes, todos se trancarão em malditos Shoppings. Mas, se ao contrário, a cidade chamar a todos com espaços públicos acessíveis, conservados e convidativos, a resposta virá com bermudas, tênis e camisetas, com bicicletas, skates, bolas e patins, em plena rua e em plena luz do dia.

Assim, alinhados ao combate à violência (não reprimindo, mas na base estrutural do processo), ao investimento em educação, cultura e saúde (áreas básicas para produzir qualidade de vida e elevar a auto-estima da população), a cidade precisa criar equipamentos públicos e espaços (não só turísticos) a serem frequentados pelos moradores e cuidar para tais locais não se tornarem pontos de violência, uso de drogas ou venda indiscriminada de bebidas (como acontece no Gramadão da Vila A, onde menores se deliciam durante todo o final de semana com bebidas vendidas ali mesmo).

Devemos construir uma cidade - a casa do homem – que não se esconda por trás de muros altos e cercas elétricas, mas para ser uma extensão do quintal das pessoas.

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* Luiz Henrique Dias da Silva é escritor, ator, estudante de Urbanismo e Sociologia e Secretário de Organização Política do PCdoB de Foz do Iguaçu.

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