segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A questão da venda do campo da Vila “A”

por Nilton Bobato

Nos bastidores do meio político local e entre os moradores da Vila A repercute a proposta do executivo para desafetar o campo de futebol localizado na Avenida Silvio Américo Sasdeli e o suposto interesse de uma grande rede de supermercados em adquiri-lo. Para resolver a questão ambiental, o executivo ofertou ao IAP como substituição pela reserva ambiental uma área localizada próximo a Unioeste e para a comunidade da Vila A, a possibilidade de construir um outro campo de futebol na Avenida 1, próximo a Aresfi, reformar os campos do Xororó e com os recursos oriundos da venda, construir o Centro de Convivência da região da KLP.
O Governo Municipal alega a necessidade de caixa para se desfazer da área localizada em região extremamente valorizada do ponto de vista imobiliário e em reunião com os vereadores que apóiam o governo, informou que o pacote inclui outros três terrenos, um no Morumbi, um na região de Três Lagoas e o posto Touring, também na Vila A.Numa primeira análise, nos colocamos contra a venda do campo de futebol, a favor da venda do posto Touring e vamos avaliar as outras duas áreas. Estou consultando especialistas, a comunidade e fazendo o debate com o Poder Executivo.

POR QUE ME POSICIONAR CONTRÁRIO À VENDA DO CAMPO DE FUTEBOL E A FAVOR DA VENDA DO TERRENO ONDE ESTÁ CONSTRUÍDO UM POSTO DE GASOLINA?

Vamos resolver primeiro a questão do posto de gasolina, que aparentemente não apresenta contradições. Aquele terreno não tem utilidade para o Município, pois já estava instalado um estabelecimento comercial privado sobre o terreno antes do mesmo ser propriedade municipal. Para o Município planejar qualquer ação pretendendo utilizar o terreno, é necessário primeiro desmobilizar o posto de gasolina e isso causaria mais problemas que soluções e não está entre as atividades do governo municipal arrecadar recursos com aluguéis de terreno, exceto para preservar o interesse público. Portanto, nos parece que a melhor solução é mesmo vender o terreno do Posto de Gasolina.Já o campo de futebol vai exatamente na direção contrária. Manter aquela área deve ser visto como questão estratégica para o desenvolvimento daquela região.
Mas antes de aprofundar o tema, é preciso esclarecer o oportunismo político de alguns, que transformam tudo numa batalha entre o bem e o mal.
O que está em jogo ali não é a utilização do campo de futebol pela comunidade da Vila A e nem a questão ambiental. Há muito tempo aquela comunidade não utiliza o campo de futebol, que é alugado para escolinhas ou para a Liga. E mesmo assim, se este for o problema, o Município oferta a construção de um outro campo em outro local no bairro. Algumas lideranças políticas que defendem este ponto de vista podem apenas dificultar a venda do terreno, valorizar o voto e não impedi-la, fazer o caso se transformar em bandeira política.
Entendo que não cabe contrapartida neste caso. A venda do terreno possibilitando que uma rede de supermercados arremate a área, seja por qual preço for, maior ou menor, por si só, causaria um desarranjo nas relações comerciais daquela região, que se notabilizou pela constituição de pequenas e médias empresas comerciais, que lá se estabeleceram e constituíram clientela. A construção de um grande supermercado causará um novo tipo de concorrência que aquelas pequenas e médias empresas podem não estar preparadas para tal. Os empregos de um, talvez não substituam o desemprego que poderá ser gerado por outros, sem falar na concentração de renda.Alegarão os defensores da tese da venda que no sistema capitalista é assim mesmo, quem não estiver preparado para a concorrência que não se estabeleça. Tudo bem, desde que o incentivo para um gigante concorrer com os pequenos não seja feito pelo poder público. Que as regras do mercado se estabeleçam e se organizem por conta própria, de preferência em áreas privadas.
No entanto o maior problema para o Município se desfazer daquela área está na questão do desenvolvimento local. A região da Vila A é uma das que mais cresce no Município. O campo de futebol está localizado numa área estratégica, central, daquela região, com uma estrutura viária privilegiada. Manter aquela área pública é permitir, no planejamento futuro da região, estabelecer ali equipamentos públicos importantes.Antes de decidir pela venda de um terreno estratégico, temos de entender como se desenvolverá a região, se num futuro próximo o Município não necessitará de uma área com localização privilegiada para benefício da população local.
É isso que quero debater. Até ter resposta para todas estas questões, manterei minha posição contrária a venda do terreno e atuarei no sentido de convencer o governo municipal a desistir da proposta.

Nilton Bobato é vereador e Presidente do PCdoB de Foz do Iguaçu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário