sábado, 12 de junho de 2010

Artigo

Foz e o Futuro


* Luiz Henrique Dias

Como se pensar a cidade? Talvez seja essa a pergunta que nós, iguaçuenses, de nascimento ou de coração, precisamos responder com uma urgência tamanha e com uma lucidez responsável. “A cidade vai chegar a 500 mil habitantes em 10 anos”, estimou dia desses o meu amigo e vereador Nilton Bobato, um dos cidadãos mais lúcidos dessa cidade e o vereador que, certamente, mais perde o sono com os problemas do município. Isso me fez refletir um bocado. O que vamos fazer com nosso trânsito? Qual rumo de crescimento será escolhido: o humano ou da especulação? Manteremos nossa taxa de permeabilidade obrigatória (uma das maiores do Brasil para municípios de porte semelhante)? Cresceremos para nossos atuais habitantes ou pensaremos só em pseudo-condomínios para a classe média migrante (professores da Unila, servidores federais)? Ocuparemos as áreas desocupadas do centro e entorno ou arrastaremos mais e mais pessoas para as periferias distantes, elevando o tempo de deslocamento ao trabalho e os custos públicos e sociais da expansão da infra-estrutura, uma vez que os espaços já preparados para receber cidadãos são guardados para especulação imobiliária? Vamos aprimorar nossa Lei de Zoneamento ou vamos fragmentá-la para o “oba-oba” do capital? Vamos melhorar o transporte? Vamos gerar empregos de valor agregado? Vamos combater os carros a diesel em nossa frota internacional? Vamos terminar nossas calçadas e universalizar o modelo? Vamos ter uma medicina preventiva no sistema público ou vamos investir no modelo curativo, eternamente caro e ineficiente? Vamos eleger Deputados de verdade ou vamos avalizar os mesmos ou seus representantes disfarçados de novidade? Vamos construir um teatro? Vamos construir um parque central? Para onde vamos? Vamos melhorar nosso Código de Posturas ou vamos adequá-lo ao modelo especulativo imobiliário? Vamos fazer uma cidade para a maioria ou não?

Eis as perguntas que me tiram o sono. Eis o problema exposto. A cidade evolui. A cidade melhorou. A cidade entrou num rumo e nada, nada, pode tirá-la dele. Ou a gente faz uma lugar onde a maioria decide e vive feliz, ou a gente volta para casa, liga a TV e fica ali, esperando a morte chegar.


*Luiz Henrique Dias é Secretário de Organização do PCdoB de Foz do Iguaçu.

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