Luiz Henrique Dias
Depois que inventaram o tal twitter, criei o costume de relatar parte de minhas atividades diárias aos meus (atuais) 82 seguidores. Dia desses, postei “Indo caminhar na Avenida Paraná: um refúgio do calor e do tédio.” e segui para lá. A mensagem foi retransmitida por alguns usuários com comentários a respeito da pista de caminhada da Avenida, tantas vezes citada e comentada nesta coluna.
Chegando ao local, paramos o carro e começamos o trajeto, sempre de olho nas inúmeras árvores e flores, além de diversos pássaros e até papagaios, moradores ou frequentadores do local. Se tiver sorte, caro leitor, pode encontrar alguma família de quatis se aventurando nas proximidades da grade ou um solitário lagarto observando o movimento. Esse contato fácil com a natureza chama a atenção e consegue nos desvincular, por alguns minutos que seja, daqueles carros barulhentos que passam em alta velocidade a poucos metros. A caminhada seguia bem até que o inesperado aconteceu.
Nas proximidades da Vila Militar, apareceram cinco cidadãos (civis) montados a cavalo. De início (apesar de eu não achar a menor graça em subir em bichos para se locomover) achei engraçadinho e cheguei a esboçar um sorriso de aceitação. Mas os moços montados resolveram utilizar do espaço como pista de cavalgada. Eles não aparentavam ser catadores de papel ou algum desses cidadãos que utilizam o cavalo para gerar renda e garantir o sustento. Pareciam ser pessoas de classe média que, por algum motivo inacessível à minha compreensão, possuem um cavalo e, nas horas de folga, divertem-se obrigando o equino a carregar seu “distinto” proprietário.
Eles ignoraram a placa de “proibido animais” e começaram a fazer os animais rodarem, pularem e galoparem, inclusive em zigue-zague, atravessando a calçada e obrigando os pedestres a parar, desviar ou mesmo correr para se proteger. Um dos “cavaleiros” possuia um objeto (que não saberei o nome) para bater no cavalo e, a cada pancada, o bicho pulava, certamente de susto e dor.
Liguei para a polícia, pois um deles quase me acertou. O atendente do 190 prometeu mandar uma viatura, mas recomendou um contato com a Guarda-Municipal. Fiz, mas sem sucesso. Durante quinze minutos, ninguém atendeu meu telefonema. A PM também não apareceu. Acabei indo para casa frustrado com a polícia e assustado com a prepotência e brutalidade dos donos daqueles cavalos, tanto com os bichos quanto com os pedestres.
A cidade é de todos. Enquanto algumas pessoas, por terem um pouco mais de dinheiro ou por se julgarem melhores que os demais cidadãos, continuarem agindo como donas do espaço público, devemos continuar criticando, denunciando e, é claro, procurando formas legais (caso a polícia atendesse a nossos chamados) de inibi-las. Aqueles cinco homens (bichos montados em bichos), além se julgarem donos da rua, representam bem o atraso entranhado em nossa sociedade.
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* Luiz Henrique Dias é escritor, estudante de Arquitetura e Urbanismo e Secretário Municipal de Organização Política do PCdoB de Foz do Iguaçu.
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