sábado, 19 de dezembro de 2009

Estacionamento Rotativo

*Luiz Henrique Dias da Silva

As "meninas" do estacionamento rotativo central estão, como sabemos, de greve. Deixando de lado a discussão sobre certo ou errado, direito e dever, temos um fato real: quem organiza os carros no centro da cidade na ausência (ou mesmo na presença, em alguns pontos) das responsáveis por vender os bilhetes e fiscalizar o cumprimento da lei?

O estacionamento rotativo é uma forma que as cidades encontram de democratizar o acesso às vagas na região central. O grande fluxo de veículos, alinhado ao intenso movimento de pedestres e à expansão assustadora da frota de veículos (fruto do aumento da renda, do poder de compra e do acesso ao crédito), tem transformado as áreas centrais das cidades brasileiras (de pequeno, médio e longo porte) em verdadeiros ringues de luta, onde motoristas estressados e armados com suas buzinas e suas máquinas de produção de dióxido de carbono, disputam um lugar para pararem seu veículo. "Rotativo" significaria, assim, chegar, parar, fazer o que é necessário (como ir ao banco, por exemplo) e liberar a vaga para outro usuário. Para isso, as vagas são taxadas por períodos determinados. No caso de Foz do Iguaçu, em meia hora.

As discrepâncias começam na permanência. A gestão do estacionamento rotatito de Foz permite (mesmo que contra o princípio da proposta) que o cidadão use a vaga por um período, muitas vezes, superior a duas horas, desde que pague o bilhete. Além disso, muitos logistas e comerciários estacionam seus veículos nas vagas rotativas e os deixam ali durante todo o horário comercial, durante toda a semana. Nesse caso, fazem "acertos" (já recebi ofertas diversas vezes), tanto para pagamento diário quanto mensal), ou elas simplesmente abandonam o posto em determinados trechos, deixando tais lugares nas mãos de cuidadores "permanentes", que se encarregam de organizar o tráfego, os fluxos e as vagas e, é claro, cobram pelo serviço.

Com a greve, a situação parece ter piorado. Os cuidadores fizeram um verdadeiro loteamento da área central e, é claro, cobram pelo serviço prestado. Alguns (aconteceu comigo nesta quinta-feira) já avisam o preço da vaga antecipadamente ou abordam o motorista quando este volta ao carro, coagindo-o ao pagamento. Descomprometidos com a "rotatividade", o centro da cidade fica desorganizado e menos democrático.

Este não é um relato de algum proprietário preocupado com seu pseudo-direito de parar seu carro. Acredito que a cidade, e o centro, devem ser das pessoas e não dos carros. Sou favorável a uma cidade (e um mundo) onde os deslocamentos sejam feitos através de transporte coletivo eficiente, barato e de qualidade. Porém, já que temos que conviver com as máquinas de queimar petróleo, vamos, ao menos, organizar e gerir melhor nosso espaço urbano para que os carros prejudiquem menos nossa vida.

Luiz Henrique Dias da Silva é escritor, estudante de Arquitetura e Urbanismo e Secretário Municipal de Organização Política do PCdoB de Foz do Iguaçu. Apesar das críticas (de comunistas e não comunistas), ele frequenta restaurantes de fast-food americano ,anda de carro (quando precisa), vai a shopping centers e gosta de celulares. Ela acredita que nem todos os que querem justiça social precisam, obrigatoriamente, querer destruir o capitalismo a pedrada, existe outro meio: gestão pública humana, responsável e de qualidade.


(O Texto acima foi formulado por opiniões pessoais e não reflete, necessariamente, o pensamento do PCdoB).

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